segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sobre torcidas e seus ídolos

Cada clube tem a torcida e o ídolo que merece. Nunca uma frase tão simples foi tão verdadeira como no dia de hoje, o dia em que Paulo Roberto Falcão foi demitido do nosso Tradicional Adversário.

A entrevista coletiva de Falcão foi uma lição de amadorismo e de como não fazer algo. Com ataques pessoais direcionados especialmente ao presidente do Inter, Falcão fecha as portas do clube para si, ao menos enquanto lá estiverem os caciques da atual gestão. Ele expôs ao vivo todas as mazelas do clube que era tido até então como o melhor elenco do Brasil e forte candidato ao título do BR 11.

Enquanto comentarista, Falcão criticava os clubes. Enquanto técnico de clube, criticou a imprensa. E na sua saída, conseguiu causar mal estar a todos, jornalistas, dirigentes, jogadores e torcida.

A torcida, aliás, foi um capítulo à parte neste epísódio. NENHUM torcedor do Internacional foi ao Beira-Rio apoiar seu "ídolo". Depois de tudo que Falcão fez pelo nosso odioso co-irmão, o mínimo que ele merecia era um pouco de consideração por parte da torcida colorada.

Neste ponto, estou orgulhosa de ser GREMISTA e fazer parte de uma torcida tão diferente, com um ídolo tão diferente. 

Renato expôs sua insatisfação com sua demissão, mas em nenhum momento fez ataques pessoais ou expôs o clube ou seus dirigentes de forma inadequada. Ele foi um perfeito cavalheiro e ainda não cobrou um centavo a mais do Grêmio.


E a torcida? Mostrou a todos como um ídolo de verdade deve ser tratado. Renato saiu sem um arranhão em sua belíssima história no Tricolor, ovacionado por uma torcida que reconhece seu valor e importância para o Grêmio.

As diferenças são gritantes, tanto no comportamento dos ídolos como da torcida. Com muito orgulho faço parte daquela torcida que sabe quando tem um ídolo à sua frente. E que tem um ídolo que entende o tamanho do Clube e seu próprio tamanho dentro desse mesmo clube. Nessa e em todas as horas, GRAÇAS A DEUS eu sou Gremista.

Foto: http://www.flickr.com/photos/eduandrade

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A incógnita Julio Camargo

Acompanho futebol há algum tempo. Com isso, acabo acompanhando também a carreira de diversos jogadores, técnicos e pessoas ligadas ao esporte. Por isso mesmo, me surpreedi ao ficar tanto tempo sem opinião sobre a contratação de Julio Camargo como novo técnico do Grêmio.

Confesso que sabia muito pouco a respeito do Julio (chamo Julio porque não acho que diminutivos combinem com o Grêmio). Sei que ele é um bom revelador de talentos, costuma aproveitar os guris da base e tem bons conhecimentos de técnica e tática. Além disso, é cria do Grêmio. Mas, mesmo com todos esses predicados, tenho dúvidas de que sua contratação foi a melhor para o Tricolor.

Primeiro, o óbvio. Julio Camargo tomou o lugar simplesmente do nosso maior ídolo. Ele não tem culpa e, no dia que o Renato chegou, todos sabíamos que isso aconteceria. É inegável que ficou uma sombra, um vazio na nossa casamata que o Julio não conseguirá preencher.

Segundo, o fator Tradicional Adversário. Não gosto da ideia de ver no Grêmio o então auxiliar técnico deles. Por mais que Julio fosse o técnico e Falcão o avatar, a Rainha da Inglaterra, me parece que estamos nos contentando com pouco. Afinal, se Julio é tão bom, por que precisava ficar à sombra do pseudo-técnico Falcão?

Terceiro, e talvez mais importante. Julio é um cara acostumado a lidar com a base, com os guris. Pegar um time de jogadores que se acham estrelas como Douglas e Gabriel é novidade pra ele. Dirigir estrelas de verdade como Gilberto Silva e Victor também. Será que ele terá pulso com esses medalhões? Será que os colocará na linha como, bem ou mal, o Renato fazia? Há uma diferença enorme entre comandar um monte de guris doidos para crescer e meia dúzia de jogadores que acham que estão com a vida ganha.

Por isso, tenho minhas dúvidas se Julio foi a melhor aposta. Porque é isso que ele é, uma aposta de baixo custo. Se der certo, pode ser o novo Felipão, o novo Mano. Essa é a maior chance da carreira dele até agora. Ele precisa saber conviver com a cobrança da equipe profissional do Grêmio, com a sombra do Renato, com o fato de ser uma aposta e de ter que lidar com um grupo bem diferente do que está acostumado. Talvez sejam pratos demais para equilibrar. Mas, se ele conseguir - e torço para que isso aconteça - será a volta daquele Grêmio de que tanto sentimos falta. Um time raçudo, pegador, que mete medo nos adversários e que não precisa de rios de dinheiro para ganhar títulos.

Foto: globoesporte.com